Introdução: A água é para o peixe, o que a atmosfera é para os outros animais. Qualquer animal se ressente quando as condições atmosféricas se modificam, quando são obrigados a respirar num ambiente poluído ou impróprio para as suas condições de vida. É necessário que o seu aquário reproduza o mais fielmente possível as condições naturais. A água tem propriedades conhecidas que influem extraordinariamente nas condições de vida dos peixes… A poluição de qualquer tipo é uma das maiores causas de mortalidade dos peixes, e, mesmo que os peixes possam suportar pequenas doses de produtos químicos tóxicos, existem espécies que não os toleram e, em consequência, morrem mais cedo. O fumo de cigarros é um bom exemplo de intoxicação que produz os efeitos mencionados acima. Normalmente os valores da água num aquário devidamente estabelecido são controlados pelo filtro biológico . Mas tudo pode ser descontrolado por falhas inesperadas, ou mesmo por hábitos errados na alimentação dos peixes. Se temos um bom sistema de filtragem (mecânica, quimíca e biológica), porque razão os peixes morrem? O que falhou? A título de exemplo posso mencionar, algumas práticas que podem levar a situações que em nada beneficiam o bom funcionamento de um filtro biológico:
A Acidez e a Alcalinidade – O valor do pH: Os factores que influenciam o pH são vários e compreendem a iluminação, temperatura, gás carbónico, oxigénio dissolvido, vegetação, povoamento do aquário, alimentação, etc. O seu valor varia numa escala de 0 de um ácido puro a 14 de uma base química sendo o valor neutro 7,0. O pH é considerado como um bom indicador de um certo equilíbrio químico e biológico de uma água em geral e de uma água de aquário em particular. O baixo valor do pH (4,5 – 5) das águas extremamente doces dos afluentes do Rio Amazonas é devido aos ácidos húmicos em presença e à carência de calcários na região. Num aquário com águas mediamente duras ou duras não é possível manter um pH baixo e se isso acontecer será à custa de ácidos fortes. A medição diária do pH durante quinze dias seguidos poderá dar-nos a indicação do estado de equilíbrio de todo o sistema. Uma importante fonte de acidez do aquário tem origem no gás carbónico libertado pelos peixes e que se associa em parte à água. Este gás é tóxico para os peixes mas elimina-se facilmente. Uma parte, combina-se com a água e forma o ácido carbónico, que libertará iões de hidrogénio e provoca o abaixamento do pH. Outra parte irá reagir com o calcário presente no aquário, formando bicarbonato de cálcio e vai servir de tampão ao pH e à dureza total. A agitação da superfície livre da água permite a libertação de grande quantidade de gás carbónico arrastando também carbonato de cálcio (calcário) consigo. Num aquário bem plantado e fortemente iluminado, as plantas absorvem grandes quantidades de CO2 dissolvido, precipitando o bicarbonato de cálcio e dando lugar a um aumento do pH. Um aumento excessivo do pH favorece a eliminação do CO2 dissolvido. Acima de pH 8,5 não existe CO2 livre na água. Num aquário novo o valor do pH aumenta facilmente e vai muitas vezes para perto dos 8,5, no entanto como as águas novas tem tendência a saturar-se de bicarbonatos, passadas algumas semanas face ao fornecimento de CO2 pelos peixes e também pela acção das bactérias a situação inverte-se para a acidificação à medida que diminui a reserva alcalina. Este fenómeno é notável em aquários com areão não calcário como é o caso da sílica. Estes fenómenos são muitas vezes desencorajantes para os principiantes menos avisados, que os levam muitas vezes a substituir a água e o areão para começar tudo de novo e virem a deparar-se com as mesmas alterações. Como vimos, o excesso de CO2 é em parte eliminado pela formação de ácido carbónico que, por sua vez, é neutralizado parcialmente pelos elementos calcários porventura existentes no solo ou na decoração. Esta noção de poder catalisador e de reserva alcalina é importante, mas as quantidades não são geralmente exageradas na água que utilizamos. Uma forma de eliminar o CO2, como já referi, é manter a superfície da água bastante agitada. Existem métodos químicos artificiais para corrigir o pH que devem ser usados com alguma cautela ou em casos particulares como no caso de intoxicação por amoníaco:
Para manter o pH ácido naturalmente, pode-se colocar no aquário uns troncos ou turfa no sistema de filtragem (estes materiais devem ser bem lavados e preparados antes de se colocar no aquário pois podem tingir a água). Já para manter o pH básico (ou alcalino), colocam-se no aquário rochas calcárias, como mármore e dolomita, pedaços de coral ou conchas (importante se tiver um aquário com peixes do género Mollynésia). Se a água fornecida pela companhia da sua região for dura (poderá consultar nos testes que aparecem na sua factura da água) e os peixes que mantém necessitam de uma água mole, como é o caso dos Discus, existem algumas formas para se diminuir a dureza.
A Escala de pH: A escala de pH foi construída levando-se em conta a condição de equilíbrio. O valor 7 é dado como neutro pois equivale a condição de equilíbrio da água pura. Os valores abaixo de 7 indicam que a água é ácida e os valores acima de 7 indicam que a água é básica ou alcalina. Como a alteração destes valores é muito sensível, todas as correcções de pH no aquário devem ser feitas lentamente no máximo 0,2 unidades por dia para não causar problemas para os habitantes. O pH de um aquário pode ser facilmente determinado através de kits adquiridos em lojas do ramo. Esses kits possuem uma escala colorimétrica e um ou mais tubos de teste onde se coloca gota a gota a solução do indicador e por comparação da cor obtida com a da escala colorimétrica determina-se o valor do pH. Geralmente, este método apresenta bons resultados porém, as limitações encontram-se no indicador (substância responsável pela mudança de cor). Por exemplo, o Azul de Bromotinol (adquirido em casas da especialidade) que é muito usado em aquários de água doce, apresenta sensibilidade para mudanças de pH entre as regiões de 6,2 (amarelo) - 7,6 (azul). Valores fora dessa região não podem ser determinados (Fig. abaixo). O pH pode ser determinado de maneira mais precisa, com o uso de "pH-metro" que possui um eléctrodo combinado de vidro que é muito sensível a concentração de H+ (iões de Hidrogénio). Os pin points, como são chamados estes aparelhos, actualmente são facilmente encontrados nas lojas do ramo mas ainda são caros e exigem gastos extras referentes à manutenção periódica como troca de eléctrodos e soluções de calibração. Estes medidores de pH electrónico, funcionam com uma bateria de 9 volts que dura 6 meses, mesmo funcionando continuamente. Serve para medir o pH de aquários marinhos ou de água doce e plantados também. Serve também para lagos. Mede o pH de 2 até 12 (Fig abaixo).
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March 2018
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